terça-feira, 18 de novembro de 2008

costumes e essas coisas

Quem lê sempre o blog, sabe que tive um leve atropelamento um dia desses, e que ninguém na rua me ajudou. Além disso, o infrator - uma velhinha - fugiu. Fiquei meio inconformada, mas eu devo ter cara de perigosa.

Mas, no fim de semana, vi que tem um povo com um pouco de compaixão por aqui.
Durante os shows em Gent, uma menina francesa me dava espaço e ajudava a assistir tudo bem de frente. Empurrava os meninos e tudo.
Outro caso, foi na fila do bonde pra voltar, tinha uma menina com frio no ponto, tremendo. Um guardinha, policial de trânsito, viu e ofereceu o casaco dele. Achei bem legal da parte dele, ainda mais porque estava realmente muito frio.

Lí no livro "Kinderen van Amsterdam" que, por ter sido católico aqui por um bom tempo, era lei ajudar o próximo. Como na epoca muita gente morria de doença - peste, deixando os filhos órfãos, parecia confortante ter uma lei dessas na mão, mas que na prática não rolava tanta boa vontade.
Bem mais pra frente, na 2a guerra mundial, os judeus - que tinham migrado em grande quantidade para Amsterdam por serem mais bem vindos que em outros lugares - eram perseguidos. Os nazistas começaram a cortar seus direitos aos poucos. Aos poucos eles ficaram proibidos de fazer um monte de coisa, entre elas praticar alguns tipos de profissão. Ao mesmo tempo, judeu que não trabalhava, era mandado embora, para um lugar para eles então ainda desconhecido. Meses depois todos os judeus tiveram que se registrar, e eram mandados para campos de concentração, sem saber, alguns achavam até que iriam pra algum lugar melhor.
Depois, souberam o que estava acontecento, tinha gente também que não se registrou por desconfiança, e por isso, tentavam fugir do país ou se escondiam, por anos. Familias se separavam, inocentes eram assassinados. Era dificil sair da situação, pois eram perseguidos por todos os lados e nos seus documentos havia uma indicação dizendo que eram judeus.
Umas pessoas se sensibilizavam com tudo isso e protestavam, muitos eram assassinados em seguida. Teve um cara, sem ser da mesma religião, que ajudou o povo, falsificando passaportes, criando coupons de alimento etc. Ele deve ter falsificado uns 80.000 documentos e tinha uma equipe inteira de artistas ajudando. Assim, o povo perseguido podia emigrar e se alimentar. O nome dele é Gerrit van der Veen, e é o nome da rua do lado de casa.
Ele foi decapitado, se não me engano, um pouco antes do fim da guerra.

Hoje em dia, o povo é bastante cada um por sí aqui. Se por exemplo, você quer descer num ponto e a porta não abre, ninguém vai te ajudar pra avisar o motorista. Se estiver quebrada mesmo, ninguém irá avisar que está assim e você vai ficar apertando o botão até sacar isso. Ainda tento entender. Mas eu já conheci pessoas muito boas aqui, que saem um pouco desse estereotipo - no caso, descendentes de indonesianos e gente mais velha. Um dia acostuma, mas não quero perder o jeito brasileiro, que tem esse lado bom de ser legal sem nem perceber (esquece excessao vai!).

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